quarta-feira, 4 de julho de 2012

Britânica que perdeu as pernas em atentado vai às Paraolimpíadas no vôlei sentado

A história do atentado terrorista de 7 de julho de 2005, que matou 52 pessoas em Londres, tem muito a ver com os Jogos Olímpicos. O ataque aconteceu um dia depois da capital britânica ser escolhida como sede da edição de 2012. Para Martine Wiltshire, o maior evento esportivo do mundo representa a afirmação depois de uma tragédia pessoal. Há sete anos, ela perdeu as duas pernas por conta de uma das quatro bombas que estremeceram a cidade.

Hoje ela é uma das sobreviventes mais conhecidas do atentado, que mexeu com a vida de muitos londrinos. Além da atuação como uma espécie de embaixatriz dos deficientes, ela compõe o time britânico de vôlei sentado, e estará nas Paraolimpíadas que serão disputadas em sua cidade a partir de 29 de agosto.

“É incrível ser escolhida. É o maior evento da Terra, e está vindo para a cidade em que eu nasci. Eu sempre sonhei fazer parte disso e agora vou deixar meu país orgulhoso”, disse a atleta ao jornal Telegraph, logo após a convocação.

Até 2005, no entanto, o sonho olímpico estava bem distante. Wiltshire era formada em psicologia e comunicação e tinha um trabalho burocrático em um escritório londrino. No dia do atentado ela mudou a rota que fazia tradicionalmente e tomou um ônibus a caminho do emprego.

Um dos quatro terroristas estava justamente no veículo dela e explodiu a bomba que carregava consigo, matando seis, além dele mesmo. Wiltshire foi arremessada longe com cortes graves logo abaixo dos dois joelhos. Quando foi socorrida, ela já tinha perdido quase 75% do sangue do corpo.

Levada a tempo ao hospital, conseguiu sobreviver ao amputar as duas pernas e se tornou um dos símbolos dos sobreviventes. Fez campanhas para ajudar as famílias das vítimas, voltou aos poucos à rotina normal e passou a praticar o vôlei sentado.

Pela história de superação, ganhou alguns prêmios como atleta, mesmo não sendo o grande destaque técnico do seu time. Sua tarefa em quadra, no entanto, será das mais difíceis. Como acontece na maioria dos esportes coletivos, olímpicos ou paraolímpicos, o Reino Unido não tem uma grande tradição no vôlei sentado.

Esta é a primeira participação da equipe na história, e só acontecerá pelo fato de que os britânicos são os donos da casa. A fragilidade do time, no entanto, não se sobrepõe à história de Wiltshire. O ataque de 2005 foi o último grande atentado ordenado pela Al-Qaeda, organização fundamentalista então comandada por Osama bin Laden, morto no ano passado.

A execução, na época, ficou por conta de quatro pessoas: três ingleses descendentes de paquistaneses e um jamaicano radicado em Londres. O abalo afetou toda a concepção de segurança da capital britânica, que passou por semanas de incerteza. Duas semanas depois do atentado, o brasileiro Jean Charles de Menezes foi morto pela polícia local no metrô ao ser confundido com um suposto terrorista, em um caso que gerou um incidente diplomático e chegou a virar filme.


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