terça-feira, 13 de novembro de 2012

Homem em estado vegetativo consegue se comunicar através de ressonância


Um paciente em estado vegetativo por mais de dez anos, no Canadá, conseguiu se comunicar com cientistas através do monitoramento de sua atividade cerebral, a partir de um exame de ressonância magnética. Scott Routley, de 39 anos, conseguiu relatar à equipe que não sentia mais dor, segundo reportagem da BBC.

A experiência foi um marco para a história da medicina. Esta foi a primeira vez que um paciente com graves danos cerebrais conseguiu dar respostas relevantes a questionamentos. De acordo com os médicos do canadense, os manuais da medicina deverão ser reescritos. 

Após passar pelo estado de coma, os pacientes vegetais perdem a percepção sobre a realidade ao seu redor, ficando com os olhos abertos, mas sem apresentar qualquer resposta a estímulos. Routley sofreu um grave acidente de carro há 12 anos. 

Ao longo do seu tratamento, nenhum dos exames físicos foi capaz de detectar qualquer sinal de consciência ou comunicação. Diante da descoberta, o neurocientista britânico Adrian Owen, coordenador da equipe do Instituto do Cérebro e Mente da Universidade de Western Ontario, no Canadá, acredita que o paciente não está em estado vegetativo.  

"Scott foi capaz de mostrar que tem uma mente consciente e pensante. Nós o examinamos várias vezes e seu padrão de atividade cerebral mostra que ele está claramente escolhendo responder nossas questões. Acreditamos que ele saiba quem é e onde está", diz Owen, em entrevista à BBC. 

Steve Graham, outro paciente analisado pelos pesquisadores, conseguiu demonstrar que adquiriu novas memórias mesmo depois de ter sofrido um grave dano cerebral em um acidente de carro. O paciente respondeu “sim”, logo após ser questionado se sua irmã teria uma filha. A sobrinha de Graham nasceu após a sua colisão, cinco anos atrás.

Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/homem-estado-vegetativo-consegue-comunicar-atrav%C3%A9s-resson%C3%A2ncia.html
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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Inserção de Deficientes

A partir das próprias dificuldades, sociólogo desenvolve tecnologia social para sinalizar o caminho da inserção dos deficientes visuais.

Vítima de uma doença degenerativa que o levou à cegueira na adolescência, Fernando Botelho, 42, teve acesso a todos os equipamentos de ponta para estudar e graduar-se em sociologia nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, criou o F123, negócio social que usa um software livre e torna mais simples a inclusão digital, social e profissional de pessoas cegas ou com baixa visão. O programa equivale a 8% do preço do software para deficientes visuais mais vendido no mercado e beneficiou mais de 700 pessoas.

“Andar no escuro é assustador –no começo”, diz Fernando Botelho, 42, que perdeu totalmente a visão ainda na adolescência. Mas a deficiência não o impediu de ter uma trajetória ascendente.
Formado em sociologia na Universidade Cornell (EUA) e com mestrado em relações internacionais na Universidade de Georgetown (EUA), ele foi consultor da Unctad, agência das Nações Unidas em Genebra, e é fluente em inglês e espanhol.
Seu passaporte também impressiona –já morou nos EUA, na Argentina, no Chile, na Espanha, na França, nas ilhas Cayman e na Suíça.
Até se estabelecer em Curitiba, há cinco anos, com Flávia de Paula, sua mulher, nunca tinha vivido além de quatro anos em uma cidade.
Seu problema de visão começou aos quatro anos, quando a mãe percebeu que ele tinha dificuldades para encontrar os brinquedos, mas o diagnóstico de retinose pigmentar só foi dado aos nove.
Para reverter o quadro da doença, sua família recorreu até a tratamentos experimentais no exterior. A cura não veio, mas, com o apoio dos pais, Fernando teve acesso a equipamentos de ponta que amenizaram os danos causados pela falta de visão.
COMPETITIVO
Foi então que decidiu estudar sozinho nos EUA. Queria “ser competitivo em uma área que não tivesse a ver com cegueira para ser reconhecido como profissional, não como cego profissional”.

Estudou pesado, ficou popular, foi disputado para dançar no baile de formatura e ainda hoje tem contato com os amigos da universidade. Tudo isso para mostrar que não era “o ceguinho”.
Essa briga contra o estereótipo do deficiente fez ele se expor a todo tipo de situação e lhe rendeu muitos casos saborosos e lembranças difíceis. Em 2001, quando morava em Nova York, estava só na rua, perto do World Trade Center, no dia 11 de setembro mais sombrio da história.
Sua descrição do atentado, porém, é diferente daquela a que estamos acostumados: ele diz que sentia pisar em cinzas e em papéis nas ruas, que havia um silêncio incomum e um cheiro fortíssimo de queimado.
MEDOS
Fernando é obstinado naquilo que traça como meta. Teimoso e sonhador, parece não ter medo de nada. Aliás, de quase nada: nos anos em que viveu no exterior, tudo o que mais temia era ter de voltar a morar no Brasil.

“Eu sabia que tinha potencial, mas que não teria tantas chances aqui, na época. Voltar para ficar revelando filme em quarto escuro ou fazendo vassoura?”
O medo se transformou em oportunidade quando o casal resolveu encarar nova mudança em 2007.
Fernando concluiu que sua atividade na Suíça não o recompensava mais emocionalmente e que era hora de vir para o Brasil. “Eu tinha a percepção de que os cegos poderiam se desenvolver se tivessem tecnologia. O problema era o preço da tecnologia.”
Daí veio o F123, um sistema voltado para os deficientes visuais que utiliza software livre, custa menos do que os oferecidos pela concorrência e ainda possibilita aos programadores a chance de melhorar o produto.
“Vi que, se me concentrasse na área da cegueira, poderia fazer a diferença. E isso por minha experiência anterior, minha formação. Descobri que não tinha mais vergonha, que não estava diminuído por trabalhar nessa área.”
FASE DOS POR QUÊS
Com o nascimento do projeto, ele atraiu para o campo da acessibilidade a mulher, com quem divide há 14 anos variadas experiências nas andanças pelo mundo e hoje, também, o escritório: ele é a parte desenvolvedora, idealizadora. Ela, dentista, atualmente conduz toda a parte administrativa do negócio.

Pelo que ambos dizem, não é ruim conviver por tanto tempo: “A gente não briga e aprendeu a confiar um no outro”, afirma Flávia.
A irmã, Ana Botelho, destaca entre as características do empreendedor “sua incansável vontade de aprender mais em tudo e a incrível teimosia de não desistir frente a uma negação ou obstáculo”. O pai, José Botelho, costuma dizer que o filho “não saiu da fase dos por quês”.
Os amigos o definem como alguém especial. “Ele é altamente empreendedor e, ao mesmo tempo, dotado de consciência social”, afirma Lukas Stückling, com quem trabalhou na Suíça e que hoje é conselheiro do projeto F123.
Fernando conta que sempre teve duas obsessões: provar ao mundo do que é capaz e ser útil a esse mesmo mundo. Porque andar no escuro, afinal de contas, é só uma forma diferente de andar.

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