Texto extraído de: Vida Mais Livre
Muita gente associa o conceito de acessibilidade apenas
ao ir e vir de um lugar ao outro. A verdade é que a qualidade do que é
acessível se estende por várias áreas, serviços e direitos, que juntos
passeiam por nossa vida cotidiana e nos permitem exercer cidadania. O
acesso ao mercado de trabalho é um exemplo destas frentes a ser contempladas.
No último mês, no dia 24 de julho, a Lei de Cotas comemorou seus 21 anos de vigência no Brasil. Para celebrar o marco, lançamos no portal Mara Gabrilli (www.maragabrilli.com.br) uma importante ferramenta para orientar as empresas na contratação de pessoas com deficiência: a Cartilha de Inclusão Profissional.
Leia também:
> A Inclusão de Profissionais com Deficiência no Mercado de Trabalho: um Panorama Positivo para uma Mudança Necessária
O material traz 50 páginas com
informações de procedimentos técnicos e legais para o desenvolvimento de
programas de inclusão dentro das empresas, abordando etapas como a
sensibilização no ambiente de trabalho, a importância do mapeamento de
cargos e funções, além de soluções de tecnologia assistiva, acessibilidade, treinamento e capacitação.
Podendo servir como um guia de bolso para profissionais que atuam na área de Recursos Humanos,
a cartilha foi criada com o intuito de quebrar preconceitos e
fortalecer os princípios da inclusão, como o respeito à diversidade
humana e a promoção da acessibilidade nos ambientes.
Além de cumprir o percentual de cotas, o
empresariado deve trabalhar as diferentes necessidades de cada
indivíduo dentro do ambiente de trabalho, oferecendo acessos e
ferramentas para que qualquer funcionário desenvolva suas funções com
autonomia. Hoje, infelizmente, mais de 40% das empresas não cumprem as
cotas para funcionários com deficiência. Segundo o Ministério do Trabalho a
média de execução da lei é 21%. Em dez vagas que o país deveria
destinar a pessoas com deficiência, apenas duas são preenchidas.
O baixo número também é um reflexo das
dificuldades que o cidadão com deficiência enfrenta no dia a dia para
sair de casa. Sem calçadas em boas condições e transporte acessível é
quase impossível garantir que uma pessoa com deficiência chegue com
autonomia e segurança ao local de trabalho.
Ou seja, a acessibilidade não deve estar
presente apenas da empresa para dentro. Tem que ser trabalhada como um
dos pilares da mobilidade urbana. Afinal, de que adianta um funcionário
cego ter acesso em sua empresa a softwares com leitor de tela, se a
calçada que o leva até o seu trabalho não tem piso podotátil nem
calçamento adequado? Se o ônibus não tem espaço para o seu cão-guia nem
aviso sonoro? Ou o pior: se o motorista do veículo sequer para no ponto
para que ele possa utilizar o serviço?
Garantir acessos implica em atitudes que
integrem o ser humano em todas as áreas da sociedade. É uma questão de
atitude, de agir de maneira acessível às diferentes necessidades de cada
um. E o trabalho é sem dúvida uma das principais ferramentas de
integração social. Além de garantir poder de consumo, dignidade e
bem-estar, é o que nos permite almejar metas. Sonhar. Paralisada do
pescoço para baixo desde os meus 26 anos, sempre fui ativa – antes e
pós-tetraplegia. A realidade é que deficiência alguma subtrai a
inquietação de alma e nossa vontade de produzir.
Esse desejo reside em qualquer pessoa
com deficiência. Cabe aos gestores públicos planejarem cidades que se
adaptem à diversidade humana. E compete às empresas permitir que as
pessoas aflorem suas capacidades e contribuam com seu talento.
Fonte: http://blog.isocial.com.br/trabalhar-a-inclusao/
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