segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Por onde anda a tolerância? Compreender e aceitar as diferenças do outro é confortante, evita conflitos e traz paz interior

Do latim, Tolerantia. No dicionário Aurélio, entre os muitos significados, tolerância é também a tendência a admitir modos de pensar, agir e de sentir que diferem dos de um indivíduo ou de grupos determinados, políticos ou religiosos. Vista assim, é pura virtude. E, na medida em que vencemos a dificuldade nossa de cada dia de compreender e aceitar o que nos é estranho, damos passos firmes na conquista da paz interior. Palavras de especialistas.

Segundo a professora do Departamento de Psicologia da PUC-Rio e doutora em psicologia clínica, Teresa Creusa de Góes Monteiro Negreiros, ser tolerante é ter consciência da diferença e aceitar a diversidade. "Tolerância não envolve interesse. Ela está relacionada ao amor, ao respeito, ao entendimento de que o outro não precisa ser igual para amá-lo. Você não se subordina à opinião alheia, apenas a respeita", pontua.

Teresa lembra que, muitas vezes, a tolerância é confundida com submissão, comodismo ou conformismo. "A tolerância não significa endossar o pensamento do outro, ou concordar com ele por interesse ou por medo de contrariá-lo. Pensar assim é um engano. Quando se é tolerante, se mantém os próprios pontos de vista. É apenas a aceitação do outro, da alteridade", explica.

Ela se remete a Jesus, quando disse: "Perdoai-vos, Pai, eles não sabem o que fazem". Segundo a psicóloga, aí se encontra um exemplo de aceitação. "Se o outro não procede da mesma forma, você não tenta mudá-lo. Por isso, a tolerância é uma virtude. Porque se tem uma atitude de amor, de respeito ao outro", completa.

E tolerância como virtude, hoje, faz falta. Para a psicóloga Junia Vilhena, coordenadora do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social (Lipis), da Vice-Reitoria Comunitária da PUC-Rio, vivemos em um mundo pasteurizado, que nivela os cidadãos e não aceita as diferenças. Por isso, há intolerância religiosa, política, estética, profissional, social e tantas outras. "Hoje, as pessoas se orgulham cada vez mais de se isolar. Fecham-se em prédios e condomínios e sentem uma intolerância profunda para o que foge àquela realidade", opina a psicóloga.

O materialismo, o individualismo exacerbado, a impaciência e a pressa de se obter as respostas que se deseja geram a intolerância, acrescenta Teresa Creusa. "O materialismo bane as virtudes, porque exige o imediatismo. É mais importante ter do que ser", diz.

A tolerância, por sua vez, traz um bem maior: paz interior. Como todas as virtudes, deve ser cultivada, ou melhor, exercitada. "A tolerância é uma virtude que poderia ser ensinada na escola. Os pais também precisam ficar atentos para o que passam para os filhos. Às vezes, uma piada preconceituosa pode despertar na criança um sentimento de intolerância", opina Junia.

Para Teresa, desenvolver a tolerância faz parte de uma sabedoria de vida. "Se depois de certa idade a pessoa não tiver adquirido tolerância, ela se afastará da humildade e se tornará arrogante e prepotente, tendo como destino o abandono. O maduro tem que ser tolerante com as novas gerações e se dar conta de que não é mais a atriz ou o ator principal da cena para fugir do estereótipo de rabugento. A intolerância faz mal a saúde, porque mantém relação estreita com a ira e a impaciência. Juntas, elas provocam taquicardia, queda da imunidade e deixam o corpo vulnerável a várias doenças ", conclui.

Portanto, se para você o lema é "tolerância zero", é melhor rever seus conceitos.

Fonte; http://www.maisde50.com.br/editoria_conteudo2.asp?conteudo_id=6351

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