O professor deve entender as dificuldades dos estudantes com limitações de raciocínio e desenvolver formas criativas para auxiliá-los
CONCENTRAÇÃO Enquanto a turma lê fábulas, Moisés faz desenhos sobre o tema para exercitar o foco. Foto: Tatianal Cardeal
De
todas as experiências que surgem no caminho de quem trabalha com a
inclusão, receber um aluno com deficiência intelectual parece a mais
complexa. Para o surdo, os primeiros passos são dados com a Língua
Brasileira de Sinais (Libras). Os cegos têm o braile como ferramenta
básica e, para os estudantes com limitações físicas, adaptações no
ambiente e nos materiais costumam resolver os entraves do dia-a-dia.
Mas
por onde começar quando a deficiência é intelectual? Melhor do que se
prender a relatórios médicos, os educadores das salas de recurso e das
regulares precisam entender que tais diagnósticos são uma pista para
descobrir o que interessa: quais obstáculos o aluno enfrentará para
aprender - e eles, para ensinar.
Mais sobre inclusão
Reportagens
No geral, especialistas na área sabem que existem características comuns a todo esse público (leia a definição no quadro desta página).
São três as principais dificuldades enfrentadas por eles: falta de
concentração, entraves na comunicação e na interação e menor capacidade
para entender a lógica de funcionamento das línguas, por não compreender
a representação escrita ou necessitar de um sistema de aprendizado
diferente. "Há crianças que reproduzem qualquer palavra escrita no
quadro, mas não conseguem escrever sozinhas por não associar que aquelas
letras representem o que ela diz", comenta Anna Augusta Sampaio de
Oliveira, professora do Departamento de Educação Especial da
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). As
características de todas as outras deficiências você pode ver no
especial Inclusão, de NOVA ESCOLA (leia o último quadro).
A importância do foco nas explicações em sala de aula
SIGNIFICADO Na sala de recursos, elaboração de livro sobre a vida dos alunos deu sentido à escrita. Foto: Marcelo Almeida
Alunos
com dificuldade de concentração precisam de espaço organizado, rotina,
atividades lógicas e regras. Como a sala de aula tem muitos elementos -
colegas, professor, quadro-negro, livros e materiais -, focar o
raciocínio fica ainda mais difícil. Por isso, é ideal que as aulas
tenham um início prático e instrumentalizado. "Não adianta insistir em
falar a mesma coisa várias vezes. Não se trata de reforço. Ele precisa
desenvolver a habilidade de prestar atenção com estratégias
diferenciadas para, depois, entender o conteúdo", diz Maria Tereza Eglér
Mantoan, doutora e docente em Psicologia Educacional da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp).
O ponto de partida deve ser algo
que mantenha o aluno atento, como jogos de tabuleiro, quebra-cabeça,
jogo da memória e imitações de sons ou movimentos do professor ou dos
colegas - em Geografia, por exemplo, ele pode exercitar a mente traçando
no ar com o dedo o contorno de uma planície, planalto, morro e
montanha. Também é importante adequar a proposta à idade e,
principalmente, aos assuntos trabalhados em classe. Nesse caso, o estudo
das formas geométricas poderia vir acompanhado de uma atividade para
encontrar figuras semelhantes que representem o quadrado, o retângulo e o
círculo.
A meta é que, sempre que possível e mesmo com um trabalho diferente, o aluno esteja participando do grupo. A tarefa deve começar tão fácil quanto seja necessário para que ele perceba que consegue executá-la, mas sempre com algum desafio. Depois, pode-se aumentar as regras, o número de participantes e a complexidade. "A própria sequência de exercícios parecidos e agradáveis já vai ajudá-lo a aumentar de forma considerável a capacidade de se concentrar", comenta Maria Tereza, da Unicamp.
A meta é que, sempre que possível e mesmo com um trabalho diferente, o aluno esteja participando do grupo. A tarefa deve começar tão fácil quanto seja necessário para que ele perceba que consegue executá-la, mas sempre com algum desafio. Depois, pode-se aumentar as regras, o número de participantes e a complexidade. "A própria sequência de exercícios parecidos e agradáveis já vai ajudá-lo a aumentar de forma considerável a capacidade de se concentrar", comenta Maria Tereza, da Unicamp.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/educacao-especial/formas-criativas-estimular-mente-deficientes-intelectuais-476406.shtml
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