A creche pública Gentil Mathias da Silva, situada no norte de Florianópolis, resolveu trabalhar a empatia de um jeito diferente. As crianças são letradas no alfabeto tradicional, mas também em braile. O objetivo é combater o preconceito antes de ele ser construído.A ideia foi da professora Daiane Sccoti Farina, 32 anos, que como muitos pedagogos, acredita que a inclusão deve ser ensinada em sala de aula. Seu diferencial, entretanto, foi estruturar um projeto para 23 alunos entre cinco e seis anos."O mais comum é que as escolas abordem a inclusão entre os adolescentes. Mas, muitos já estão carregados de preconceitos. Nas séries infantis é diferente. O mundo é novo e eles estão abertos para se colocarem no lugar do outro", disse Daiane.Na creche não há nenhum aluno cego. Mas a professora crê que ano que vem eles possivelmente irão conviver com colegas com deficiência, já que serão matriculados em escolas de ensino fundamental.Apesar do sistema de escrita para cegos ser a didática escolhida, o alvo é trabalhar a diversidade. Um exemplo é o livro "Um Mundinho para Todos", da autora Ingrid Bellinghausen, traduzido em braile.A obra que encanta por ser escrita "com bolinhas" aborda o bom convívio com o diferente. Na história algumas pessoas gostam de andar descalças, outras de tomar chocolate quente e algumas precisam de ajuda porque não enxergam muito bem.Os alunos leram com a professora, e a assistente Elis Regina Grudzien, o livro de olhos vendados. A atividade, que poderia gerar desconforto, os deixou empolgados. Enzo, de cinco anos, chegou em casa e contou para mãe: "sabia que hoje eu fiquei cego!".Nas tarefas escritas, as crianças usam pequenas bolinhas de sagu. Elas já sabem escrever o nome em braile. E em um momento mais lúdico, em que elas poderiam assistir DVDs infantis, a professora passou o vídeo do tenor italiano Andrea Bocelli."Elas ficaram impressionadas. Nunca tinham visto uma pessoa cega. Mas, foi uma surpresa positiva. As crianças só fizeram elogios, falaram que ele é bonito mesmo cantando com os olhos fechados, que a música é legal", contou Daiane.Na volta das férias, em agosto, os alunos irão fazer visitas a ACIC (Associação Catarinense para Integração do Cego), onde estudam crianças cegas. O objetivo é criar uma manhã de confraternização. Depois eles irão caminhar vendados em calçadas com piso tátil, desenvolvidas para guiar os deficientes visuais."Tenho certeza que essa experiência irá enriquecer a vida deles. Preconceito é falta de informação. É desconhecer a realidade do outro", concluiu a professora
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