quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Coreógrafo com paralisia cerebral é destaque em mostra

Nossa sociedade, por falta de conhecimento, trata o deficiente como um coitado. Se eu fosse me basear nesse tipo de pensamento, não colocaria meus pés para fora de casa. No meu espaço, não há sofrimento."
A afirmação é do bailarino e coreógrafo paulistano Marcos Abranches, 36, que tem paralisia cerebral em decorrência do parto. Ele nasceu prematuro, aos 6 meses e 20 dias de gestação.

Aos oito anos, começou a andar, depois de várias sessões de fisioterapia. Até hoje ele convive com incessantes espasmos, fala e caminha com dificuldade, mas tem o raciocínio perfeito -apesar do nome, a paralisia cerebral não afeta a parte cognitiva.
Ele conta, antes de iniciar o ensaio aberto de seu mais novo espetáculo, só ter se sentido seguro para andar sozinho na rua aos 16 anos.

"Corpo sobre Tela", trabalho criado em parceria com Rogério Ortiz e baseado na obra do pintor irlandês Francis Bacon (1909-1992), é um dos destaques da Mostra Internacional de Arte + Sentidos, que vai até 27 de outubro no teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.
Ao todo, serão 12 montagens de grupos do Brasil, de Portugal e da Escócia, encenadas por artistas com e sem deficiência. "O principal critério de escolha dos grupos foi a qualidade dos trabalhos", afirma Graziela Vieira, coordenadora da mostra.

SINGULARIDADE
Em seu espetáculo, Abranches combina movimentos voluntários e involuntários a um potente trabalho de intérprete. Ele faz de seu corpo uma espécie de pincel e acaba por pintar com ele um quadro em cena.
O artista não economiza energia ao tratar de temas como autonomia e singularidade. Hoje, considera-se 90% curado. "São mínimas as coisas para as quais preciso de ajuda: fazer a barba, amarrar o sapato e cortar a comida."
Coisas que não limitam suas criações.

"Tenho orgulho da minha deficiência, mas não uso isso em primeiro lugar na minha dança. Eu me entrego totalmente, mas antes de qualquer coisa vem meu coração e meu aprendizado", diz.
Casado e pai de um filho de um ano, o artista afirma que dança pela família e para lutar pelo futuro de um país melhor, principalmente para as pessoas com deficiência.
"Quero ser um exemplo de coragem para quem usa a própria deficiência em busca de piedade."

TRAJETÓRIA

Abranches conta que não gostava de ficar em casa e arrumou emprego em um lava-rápido, aos 18 anos.
Mas o que ele gostava mesmo de fazer era sair para assistir a espetáculos de dança, principalmente os do Balé da Cidade de São Paulo.
Em uma noite de estreia, conheceu o coreógrafo Sandro Borelli e trocaram contatos. Em poucos dias, Borelli o convidou para acompanhar os ensaios de "Senhor dos Anjos" (2001).
Logo depois, Abranches fez um teste para participar do espetáculo. Passou e entrou para o elenco.

Iniciada a vida nos palcos, ele teve aulas e trabalhou com os coreógrafos Marta Soares, Marcelo Bucoff, Jorge Garcia e com o americano Alito Alessi, um dos fundadores do Dance Ability, escola de movimento que integra, em cena, pessoas com e sem deficiência.
Abranches fundou o Grupo Vidança SP em 2005 e esteve em cartaz com "D...Equilíbrio", "Formas de Ver" e "Via sem Regra" (apresentado também na Alemanha, na Deutsche Oper Berlin).

Além das experiências com diretores e coreógrafos brasileiros, ele trabalhou com criadores europeus, entre eles Gerda König e Christoph Schlingensief.
Eduardo Knapp/Folhapress
Marcos Abranches ensaia 'Corpo Sobre Tela', coreografia baseada em obra do pintor Francis Bacon
Marcos Abranches ensaia 'Corpo Sobre Tela', coreografia baseada em obra do pintor Francis Bacon
MOSTRA INCLUSIVA

Outro destaque desta semana na + Sentidos é o espetáculo "Intento 3257,5", da companhia inCena, sobre novos padrões estéticos para o corpo com deficiência.
A intérprete, Estela Lapponi, 40, foi vítima de um derrame aos 24 e tem a parte esquerda do corpo paralisada.
"Minha vontade de trabalhar era maior do que qualquer status quo da profissão", conta ela, que já era bailarina antes do acidente.

"Hoje aceito 100% esse corpo que tenho. Nem penso mais nisso, as pessoas é que me lembram o tempo todo", afirma a bailarina.
Na última semana do evento estão concentrados três trabalhos de artistas da Escócia, na mostra paralela Unlimited, realizada em parceria com o British Council: "Se Estes Espasmos Pudessem Falar", "Caracóis & Ketchup" & "Mobile/Evolution".

"Ainda existe preconceito, mas a ideia não é fazer assistencialismo, muito menos chocar as pessoas. A ideia é revelar a arte desses criadores, que evolui cada dia mais", diz Graziela Vieira.
CORPO SOBRE TELA
QUANDO hoje, às 19h30, e amanhã, às 21h
ONDE teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista, SP, tel. 0/xx/11/3288-0136)
QUANTO de R$ 10 a R$ 20
PROGRAMAÇÃO disponível em www.maissentidos.org.br

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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Paraolimpíadas de Seattle - O que importa não é vencer!!

Durante as paraolimpíadas de Seattle, nos Estados Unidos, em 1989, aconteceu uma cena emocionante: Nove adolescentes, todos deficientes físicos, alinharam-se para a largada, numa corrida de 100 metros.

Logo na saída, um menino tropeçou no asfalto, caiu e começou a chorar. Todos os outros olharam para trás e, vendo a cena, pararam, voltaram e ficaram em volta dele. Uma menina com síndrome de Dawn, deu-lhe um beijo, ajudou-o a levantar-se e disse: “Pronto, agora vai sarar”. E todos, de braços dados, seguiram caminhando até o ponto de chegada. O estádio inteiro levantou-se e os aplausos duraram quase um minuto.

O nosso mundo padece de uma deficiência chamada egoísmo. É pior que qualquer outra. Queremos “passar a perna”, estar na frente e vencer sozinhos, mesmo prejudicando outros que estão ao nosso lado.

Mas o que importa nesta vida é ajudar o outro a vencer, mesmo que para isso tenhamos de diminuir a marcha ou mudar de direção. O que importa nesta vida, mais do que ganhar sozinho, é ajudar o outro a vencer.

Aqueles meninos não eram deficientes de sensibilidade diante do próximo.
. O estádio inteiro levantou e os aplausos demoram alguns minutos.




Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=D8l1C60aubg
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Estudantes de eletrônica do Sul criam protótipo de bengala para cegos

Ideia é continuar desenvolvendo projeto para ajudar deficientes visuais.
Sensor na ponta manda sinais para circuito, que faz outra ponta vibrar.


Estudantes de um curso de eletrônica deCriciúma, no Sul catarinense, desenvolveram um protótipo de bengala eletrônica para uma feira de tecnologia da escola com a intenção de auxiliar deficientes visuais. O objeto funciona com um sensor que captura informações do ambiente e manda sinais para um circuito que faz o cabo vibrar. Os alunos querem patentear a ideia, como mostrou reportagem do Jornal do Almoço (veja o vídeo).
A bengala eletrônica ainda é um protótipo, um tubo de PVC improvisado. Marciel Donadel, de 16 anos, que teve a ideia de montar o aparelho, explicou que o sensor funciona em um raio de dois a três metros. O equipamento capta as informações e as envia para um circuito, localizado no meio da bengala. "Dali faz um processo de programação, que manda um tanto de pulso para a parte superior, onde tem um motorzinho", continuou. "Vibra de acordo com a aproximação do objeto", finalizou.
Tudo começou com um desafio proposto por um professor no começo do ano. Os estudantes tinham que desenvolver um projeto para uma feira de tecnologia da escola. "Partindo de umbrainstorm dos projetos, a gente analisou os melhores para serem efetuados. Então esse foi um que a gente analisou, viu que daria para fazer e acabou concluindo com sucesso", explicou o professor Cleber Izidoro.
O estudante Marciel Donadel tem uma avó deficiente visual e, pensando em facilitar a vida de quem não enxerga, resolveu aplicar os conhecimentos do curso. "Eu achei uma bengala da qual já estavam fazendo protótipo fora do Brasil, só que o preço dela era muito elevado. Eu trouxe a ideia para o professor, ele aprovou e gostou da ideia e depois a gente começou com um grupo a desenvolver o projeto", contou o aluno.
Toda a execução foi em equipe. O grupo de sete estudantes levou meses para chegar até o resultado final. "Foi difícil porque engloba todas as matérias do curso. Então a gente teve que trabalhar bastante em cima e fazer muitos testes para ver se chegava naquilo que a gente queria", afirmou o estudante Cauã Taraskevicius Abril.
Deficiente visual há 14 anos, o aposentado Laélio Inácio testou a invenção. "A ideia é fantástica porque a ferramenta mais importante de um cego realmente é a bengala. E tudo o que vier a ajudar na locomoção das pessoas com deficiência visual é bem-vindo", elogiou.
A intenção é aperfeiçoar a bengala eletrônica. Marciel Donadel contou que "agora a gente está tentando fazer a patente da bengala, que é a ideia, não exatamente patentear o protótipo"
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sábado, 5 de outubro de 2013

Homem com o pescoço virado estudou, conheceu papas e motiva pessoas

Devido a um problema genético, Cláudio Vieira de Oliveira, 37, de Monte Santo (BA), nasceu com o pescoço envergado para trás --mas enxerga como as pessoas comuns. Depois de aprender a ler e a escrever usando um lápis na boca, formou-se em contabilidade e hoje é suplente de diretor fiscal do Sindicato dos Contabilistas da Bahia. Seu principal trabalho, no entanto, é ministrar palestras motivacionais.
Nasci em casa, de parto normal, em Monte Santo, cidade do sertão da Bahia que foi quartel general do Exército durante a Guerra de Canudos, em 1897.

O parto foi muito difícil e quase custou a vida de minha mãe. Minha avó, parteira, tentou fazer o parto, mas não conseguiu porque eu estava numa posição difícil.

 Foi quando apareceu um estudante de medicina, José Valdo Barreto, que conseguiu me trazer ao mundo. Minha mãe desmaiou após o parto. Zé Valdo quase desmaiou. Nasci com braços e pernas atrofiados, acharam que eu não ia vingar e me levaram às pressas para batizar. Houve quem incentivasse meus pais a não me alimentar. Achavam que, além de dar muito trabalho, eu acabaria vegetando.



Comecei a me interessar pelos estudos aos seis anos, ao observar meus irmãos fazendo atividades escolares. Pedi à minha mãe que me colocasse na escola, mas ela se esquivava, pois tinha medo da reação dos alunos.
Como persisti, ela procurou uma pessoa para me dar aula particular. Assim, aprendi o alfabeto e comecei a formar as primeiras palavras, tudo com a boca.
Estudei e me formei em contabilidade em 2004. Na escola e na faculdade, sempre tive o apoio de todos.

Por ficar com a cabeça para baixo quando estou em pé, muitas pessoas acham que vejo tudo de cabeça para baixo, mas não é assim. Vejo como as pessoas normais.
Em casa, leio revistas, livros e assisto TV, deitado ou em pé. Com uma caneta na boca, digito no computador. Me alimento sozinho, minha comida fica num prato e como só com a boca, sem talheres; bebo líquido também sozinho, com um canudo.
Ando com um sapato especial, feito no hospital da Rede Sarah em Salvador, onde aprendi a me adaptar e fazer minhas tarefas sozinho.

Dependo de outras pessoas para ir ao banheiro e na hora de sair, quando tenho de ser conduzido pelos braços. Mas a cada dia adquiro peso e vai ficando mais difícil sair.
Na minha casa, todos se dividem para me ajudar, não faltam voluntários.
Em 2000, tive uma das maiores emoções da minha vida: conheci o papa João Paulo 2º. Um amigo escreveu para o Vaticano relatando minha história e fui para Roma com ajuda de amigos e familiares. Encontrei o papa na praça São Pedro. Ele me deu um terço, disse que ia orar por mim e me deu a bênção.

Neste ano, tive outra grande emoção, na Jornada Mundial da Juventude, quando conheci o papa Francisco. Depois de muita dificuldade para passar, fiquei com outras pessoas esperando ele ir em direção ao hospital.
Eu e meus amigos gritamos para ele, que chegou até mim, me abraçou e fez o sinal da cruz na minha testa. "Sinta-se abençoado", falou.
Em 2009, conheci o Zico, meu ídolo, no Maracanã. Sou flamenguista.

Meu trabalho é dar palestras motivacionais em empresas. Acho que nasci designado a cumprir uma missão: ser exemplo de perseverança e superação. Mostro que podemos enfrentar todos os problemas e obstáculos. Temos que aceitar a vida e vivê-la.
Gosto de sair com os amigos, danço, namoro, viajo, faço tudo. Essa motivação é fruto de minha família, que nunca me enxergou como um deficiente. Isso me fortalece.

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