Comecei este ano com uma previsão, feita aqui no LinkedIn: 2017 seria o ano da diversidade. Não era um chute ou um
palpite vazio. A reflexão foi feita a partir da observação dos movimentos que
acontecem na sociedade e também no universo das marcas e empresas.
E de fato 2017 foi um ano importante. Nunca se falou tanto sobre
diversidade nas organizações que atuam no Brasil. Cada vez mais executivas e
executivos têm estimulado discussões sobre respeito, assédio e promoção da
igualdade a todas as pessoas, independentemente de gênero, raça, condição
física ou orientação sexual.
Algumas empresas têm atentado para o seu papel na apresentação de
soluções para os maiores problemas do país, o que passa por uma discussão sobre
os desafios do mercado de trabalho. Se é verdade que neste momento temos uma
massa de pessoas desempregadas, também é fato que mesmo nos tempos de bonança
as oportunidades sempre foram muito mal distribuídas.
E não é preciso nenhuma pesquisa muito elaborada para atestar isso.
Basta comparar o Brasil que vemos nas ruas, na hora em que saímos para almoçar,
com aquele que aparece na maior parte dos nossos escritórios, quando voltamos
da pausa.
Nossa população é majoritariamente negra (54%) e feminina (51%). Outros
milhões são LGBT + e muitos outros têm algum tipo de deficiência (23,7%).
Nossas empresas, porém, são quase sempre muito iguais: o topo é branco e
masculino.
Esse ciclo de exclusão
prejudica nosso crescimento como sociedade, empresas e indivíduos. Um país que
não dá oportunidades iguais a seus cidadãos não prospera de forma contundente;
organizações que não se preocupam com a diversidade perdem em termos de
engajamento e inovação; e pessoas que não convivem com as diferenças não
exploram todo seu potencial.
Apesar das tantas carências e de alguns tropeços, em 2017 vimos esta
pauta ganhar mais espaço. Não foi fácil e este processo aconteceu às custas de
alguns embates, inclusive com alguns que não gostaram de ter seus espaços de
privilégio questionados.
"Avançamos ou retrocedemos?", costumam me perguntar.
"Avançamos em meio a retrocessos e retroagimos em meio a avanços", é
o que costumo responder. É o paradigma da complexidade. Não existem respostas
prontas ou fáceis no mundo atual.
Porém, se 2017 foi o ano da diversidade e muitas conversas se
estruturaram, 2018 precisa ser o ano da inclusão, com ações ainda mais
efetivas. Não que os debates devam parar, muito pelo contrário. É necessário
discutir - e muito! - sobretudo em algumas indústrias, culturas ou ambientes
mais resistentes (alô, empresas nacionais, precisamos de vocês!).
Mas tão importante quanto falar é se engajar com objetivos, metas e
compromissos públicos. Falando concretamente, quantas pessoas com deficiências
você pretende promover em 2018? Quantas negras e negros quer ver em seu quadro
de gestores? E a taxa de retorno após a licença-maternidade, em qual patamar
você espera que ela esteja no fim do ano que vem? Quantas pessoas trans você
pretende entrevistar nos processos seletivos?
Refletir sobre essas perguntas é importante para estabelecer indicadores
e acompanhar a evolução de nossas ações. Que em 2018 a gente possa avançar
ainda mais em termos de diversidade, mas, acima de tudo, que este seja o ano da
inclusão.
Isso depende da mobilização das empresas, governos, ativistas e
entidades civis. Mas depende também do nosso engajamento pessoal, da nossa
insatisfação com as injustiças, da nossa empatia, solidariedade e vontade de
construir um país mais inclusivo para todas as pessoas. Vamos juntos?