Dois aplicativos de empresas diferentes oferecem cultura a deficientes visuais e auditivos e ainda esperam faturar de R$ 1,5 milhão a R$ 4 milhões no ano.
A empresa Hand Talk, de Maceió, desenvolveu um aplicativo que traduz textos da web para a língua de sinais (libras), usada na comunicação de pessoas com surdez. Com o produto, a empresa pretende faturar R$ 4 milhões em 2015.
Já a carência de acessibilidade nos museus inspirou a paulistana Mobile2You a desenvolver um aplicativo para ajudá-los a entender e apreciar as obras expostas. O app pode render até R$ 1,5 milhão à empresa.
Com o app Visita Guiada instalado no celular ou tablet, basta o usuário ligar a função bluetooth e se aproximar de uma obra. Imediatamente, o aparelho exibe na tela uma descrição na língua de sinais (libras) e reproduz a mesma explicação em áudio. No caso dos surdos, a explicação oferece informações de contexto das obras que seriam dadas por monitores.
O app foi desenvolvido pela empresa Mobile2You, que desenvolve os programas para os museus e exposições sob encomenda e espera faturar R$ 1,5 milhão em 2015. A primeira exposição a contar com o aplicativo Visita Guiada fica na Acerp (Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto), no Rio de Janeiro.
Para que o usuário tenha acesso às descrições, cada obra precisa ter um emissor de dados próximo dela. "A uma certa distância [menos de um metro], o dispositivo envia as informações para o tablet ou smartphone", diz Caio Bretones, 26, fundador da Mobile2You.
Caso o aparelho do usuário não tenha bluetooth, também é possível receber o conteúdo por meio da leitura de um código (QR Code) ao lado da obra. No entanto, é preciso que o aparelho tenha câmera fotográfica e conexão com a internet.
O custo para desenvolver o aplicativo para uma exposição pode chegar a R$ 100 mil, dependendo da complexidade do trabalho e da quantidade de obras no acervo, segundo o empresário.
Desenvolvimento de aplicativo pode levar quatro meses
As descrições em áudio ou libras duram cerca de um minuto e meio para cada obra. Para gravar as explicações, a Mobile2You contrata os serviços de intérpretes. De acordo com Bretones, o desenvolvimento de um aplicativo pode durar de três a quatro meses.
"O aplicativo permite que pessoas com deficiência visual ou auditiva visitem museus sem depender de alguém para descrever as obras para elas", afirma. "O museu, por sua vez, tem o ganho desse público, que antes deixava de ir ao local por falta de acessibilidade."
Retorno financeiro é demorado
Ganhar dinheiro com aplicativos é a nova onda entre os jovens, segundo Leonardo Dias, diretor de tecnologia do Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), da USP. No entanto, de acordo com ele, de forma geral, faltam planejamento e visão de negócio aos empreendedores de tecnologia.
"Muitos lançam o aplicativo sem entender quem é o público-alvo, que problema vão resolver, aonde querem chegar e quanto isso vai custar", afirma. "É preciso planejamento, pesquisar o tamanho do mercado e ouvir sugestões de pessoas interessadas naquela ideia."
Segundo Dias, há uma visão romântica em torno do negócio que não acontece na prática. "Criar um aplicativo é só um dos passos da empresa. Ela precisa ter clientes, gerar lucro e fazer novos aplicativos", diz. "O retorno financeiro é um processo demorado, incompatível com o imediatismo do jovem."
As reportagens do UOL têm um recurso de acessibilidade para quem tiver qualquer grau de deficiência visual. Basta acionar o botão "Ouvir texto" que fica ao lado das áreas de compartilhamento, no alto de cada reportagem, e escutar a leitura da notícia.
Onde encontrar:
Hand Talk: www.handtalk.me
Mobile2You: www.mobile2you.com.br
Fonte: http://economia.uol.com.br/empreendedorismo/noticias/redacao/2015/03/19/apps-oferecem-cultura-a-cegos-e-surdos-e-esperam-faturar-ate-r-4-milhoes.htm