Ele corre, surfa e anda de bike. E vai disputar a
Paraolimpíada de Inverno
Ele teve uma das pernas amputadas ao sofrer um acidente de moto aos 18 anos. Mas, em vez de lamentar o ocorrido, o paulista André Cintra, hoje com 34 anos, foi em frente conseguiu superar as adversidades. Agora ele se prepara para participar das Paraolimpíadas de Inverno na cidade de Sochi, na Rússia, como representante brasileiro da categoria snowboard.
André pratica kitesurfe, wakeboard, mountain bike, corrida e atualmente está aprendendo a surfar de stand up paddle (surfe de pé com remos). No snowboard, ele participou do Campeonato Brasileiro da categoria em 2012, em Vale Nevado, no Chile, e disputou sua primeira prova internacional em janeiro do ano passado.
Extremamente focado em seus objetivos, André, que figura entre os 18 melhores do mundo, concedeu uma entrevista com exclusividade para o UOL Esporte. Ele conta como estão os preparativos e as dificuldades em se praticar um esporte de neve em um país sem neve.
UOL Esporte - Como está sua preparação para os Jogos Paraolímpicos?
André Cintra - A preparação está boa, estou aprendendo muito nessas viagens que estou realizando na temporada. Tenho aprendido mais técnicas e mais coisas sobre o snowboard a cada dia. Esses treinamentos estão sendo muito importantes.
UOL Esporte - Foi uma surpresa essa sua classificação para Sochi, ou você tem se preparado para isso?
André Cintra - Foi uma boa surpresa sim, mas estamos nos preparando desde o final de 2012. Nosso principal objetivo era a classificação do Brasil pra Sochi, afinal, é a classificação de um país sem neve em uma edição das Olimpíadas de Inverno.
UOL Esporte - Antes de ser paratleta, você já praticava alguma modalidade radical?
André Cintra - Sim, sempre pratiquei esportes, inclusive, muitos deles radicais, como esqui aquático, wakeboard, kitesurf... Já saltei de paraquedas, fiz rafting em corredeiras de níveis 5 e 6. Os esportes radicais sempre me atraíram.
UOL Esporte - O que muda na vida de uma pessoa em questão da superação, principalmente ao se querer praticar de esportes radicais?
André Cintra - O que muda é que quando uma pessoa decide se superar é apenas uma questão de dedicação e tempo pra ela conseguir alcançar o próprio objetivo.
UOL Esporte - Você tem ídolos em suas modalidades?
André Cintra - Meus ídolos são os atletas de parasnowboard. Aprendi a admirá-los e respeitá-los muito, pois é convivendo de perto que vemos o suor, a dedicação e o foco de cada um deles no esporte e em seus objetivos.
UOL Esporte - Quais as dificuldades que você encontra, além da falta de neve no Brasil ?
André Cintra - Bom, temos várias dificuldades, porém todas elas superáveis. Temos a falta de neve pra treinar, a grande experiência na neve e no snowboard de todos os outros atletas (dos países com neve), que moram na montanha ou treinam a maior parte do ano na neve, o que os torna muito mais experientes, e temos as dificuldades com equipamentos também. No caso, as próteses são específicas para snowboard, mas precisam de muitos ajustes. Sem contar que temos muitas variáveis nos equipamentos, o que resulta em um resultado muito diferente nas pistas.
Ainda temos ajustes, do tipo, pressão no pé, pressão nos joelhos (eles funcionam com ar comprimido, com pistões hidráulicos/pneumáticos), temos mudanças de ângulos nos pés, joelhos, no socket e nas bindings (alças que seguram as próteses). Temos mudanças de pranchas, tamanhos e rigidez, pois cada pequena alteração no ângulo ou pressão, muda completamente nossa forma de praticar, porque altera o posicionamento do corpo, a flexibilidade e a velocidade nas curvas, por exemplo.
UOL Esporte - Quais as suas expectativas em relação a sua estréia nos Jogos Paraolímpicos?
André Cintra - As minhas expectativas são de me superar a cada momento, poder representar o Brasil da melhor forma possível e de participar desse evento incrível como atleta.
UOL Esporte - Você tem apoio de marcas ou recebe bolsa-atleta?
André Cintra - Ainda não, estamos analisando essa questão, mas recebo o apoio da CBDN (Confederação Brasileira de Desportos na Neve) e do Comitê Paralímpico Brasileiro.
UOL Esporte - De todas as modalidades que você pratica, qual é a mais difícil?
André Cintra - Acredito que a mais difícil seja o snowboard. As técnicas do boardercross são bem difíceis, exigem muito do atleta. Em termos de risco, acho que é também o esporte mais arriscado, porque as velocidades são muito altas, as curvas e os saltos são bem ousados e você está numa corrida contra o tempo (nessa disciplina do snowboard as provas são por tempo). Um exemplo disso é que no último final de semana três atletas da minha categoria não terminaram as provas, pois eles machucaram ou braços ou ombros durante o percurso.
UOL Esporte - Existe preconceito das pessoas, ou medo dos seus familiares nas suas escolhas?
André Cintra - Preconceito acho que não, pelo contrário, as pessoas se orgulham do que estamos fazendo. Estamos realizando duas coisas muito importantes: Mostrando que quem tem alguma dificuldade pode se superar e inclusive ir para as Olimpíadas. Que o Brasil, mesmo não tendo neve, pode ter bons atletas e ser competitivo mundialmente.
UOL Esporte - O que aconteceu com sua perna, e quanto tempo levou até você se adaptar ?
André Cintra - Perdi a minha perna em um acidente de moto, aos 18 anos. Mas me adaptei rápido e uns dois meses depois do acidente já estava fazendo rafting... Foi difícil, sem dúvida, mas acredito que a mente manda e o corpo obedece. Existiram coisas muito mais difíceis na minha vida do que o acidente em si.
UOL Esporte - Uma mensagem para outros para atletas e para quem acha loucura o que você faz.
André Cintra - Acreditem em vocês mesmos. Vocês são muito mais poderosos do que acreditam que são! Existe um potencial incrível dentro de cada um pronto a ser descoberto. Nada é loucura, o que é loucura é não realizar os próprios sonhos. No antigo templo da sabedoria na Grécia estava escrito na primeira entrada: Seja sempre ousado. Na segunda entrada, mais importante, estava escrito: Sejas sempre ousado. Na terceira, a mais importante de todas, estava escrito: Não sejas ousado em demasia. Acredito nisso.
Fonte: http://esporte.uol.com.br/radicais/ultimas-noticias/2014/01/26/ele-corre-surfa-e-anda-de-bike-e-vai-disputar-a-paraolimpiada-de-inverno.htm
André Cintra - Foi uma boa surpresa sim, mas estamos nos preparando desde o final de 2012. Nosso principal objetivo era a classificação do Brasil pra Sochi, afinal, é a classificação de um país sem neve em uma edição das Olimpíadas de Inverno.
André Cintra - Sim, sempre pratiquei esportes, inclusive, muitos deles radicais, como esqui aquático, wakeboard, kitesurf... Já saltei de paraquedas, fiz rafting em corredeiras de níveis 5 e 6. Os esportes radicais sempre me atraíram.
André Cintra - O que muda é que quando uma pessoa decide se superar é apenas uma questão de dedicação e tempo pra ela conseguir alcançar o próprio objetivo.
André Cintra - Meus ídolos são os atletas de parasnowboard. Aprendi a admirá-los e respeitá-los muito, pois é convivendo de perto que vemos o suor, a dedicação e o foco de cada um deles no esporte e em seus objetivos.
André Cintra - Bom, temos várias dificuldades, porém todas elas superáveis. Temos a falta de neve pra treinar, a grande experiência na neve e no snowboard de todos os outros atletas (dos países com neve), que moram na montanha ou treinam a maior parte do ano na neve, o que os torna muito mais experientes, e temos as dificuldades com equipamentos também. No caso, as próteses são específicas para snowboard, mas precisam de muitos ajustes. Sem contar que temos muitas variáveis nos equipamentos, o que resulta em um resultado muito diferente nas pistas.
André Cintra - As minhas expectativas são de me superar a cada momento, poder representar o Brasil da melhor forma possível e de participar desse evento incrível como atleta.
André Cintra - Ainda não, estamos analisando essa questão, mas recebo o apoio da CBDN (Confederação Brasileira de Desportos na Neve) e do Comitê Paralímpico Brasileiro.
André Cintra - Acredito que a mais difícil seja o snowboard. As técnicas do boardercross são bem difíceis, exigem muito do atleta. Em termos de risco, acho que é também o esporte mais arriscado, porque as velocidades são muito altas, as curvas e os saltos são bem ousados e você está numa corrida contra o tempo (nessa disciplina do snowboard as provas são por tempo). Um exemplo disso é que no último final de semana três atletas da minha categoria não terminaram as provas, pois eles machucaram ou braços ou ombros durante o percurso.
André Cintra - Preconceito acho que não, pelo contrário, as pessoas se orgulham do que estamos fazendo. Estamos realizando duas coisas muito importantes: Mostrando que quem tem alguma dificuldade pode se superar e inclusive ir para as Olimpíadas. Que o Brasil, mesmo não tendo neve, pode ter bons atletas e ser competitivo mundialmente.
André Cintra - Perdi a minha perna em um acidente de moto, aos 18 anos. Mas me adaptei rápido e uns dois meses depois do acidente já estava fazendo rafting... Foi difícil, sem dúvida, mas acredito que a mente manda e o corpo obedece. Existiram coisas muito mais difíceis na minha vida do que o acidente em si.
André Cintra - Acreditem em vocês mesmos. Vocês são muito mais poderosos do que acreditam que são! Existe um potencial incrível dentro de cada um pronto a ser descoberto. Nada é loucura, o que é loucura é não realizar os próprios sonhos. No antigo templo da sabedoria na Grécia estava escrito na primeira entrada: Seja sempre ousado. Na segunda entrada, mais importante, estava escrito: Sejas sempre ousado. Na terceira, a mais importante de todas, estava escrito: Não sejas ousado em demasia. Acredito nisso.